O LIXO (CASIMIRO CUNHA ANO-1944
Cada dia, a residencia
Que a higiene ensine e ajude,
Lança fora todo lixo
Na defesa da saude.
Grandes cestos, grandes latas,
Guardando detrito escuro,
Enchem grandes carroçadas
Que seguem para o monturo.
Contemplando o movimento,
Lembremos que a sugidade,
Muitas vez foi qualquer cousa
em plano de utilidade.
Roupa usada, vestes rotas,
Velhas peças carunchosas,
Em outros tempos já foram
Queridas e preciosas.
Ornatos apodrecidos,
Tristes lampadas sem lume,
Conheceram muitas veses
Festas e luz, vida e perfume.
Resumem, contudo, agora,
O lixo que não convem,
Escuro e pernicioso,
Contrário á saude e ao bem,
Para ele, em todo o mundo,
A casa nobre e educada,
Reserva cada manhã,
A benção da vossourada.
Se não tem função de esterco,
Junto á terra menos rica,
Vai ao fogo generoso,
Que renova e purifica.
Na esfera de ensinamento
Da verdade sempre igual,
O lixo personifica
A estranha expressão do mal
escuta! se o bem de ontem
Hoje é mal e sofrimento
Não deixes de procurar
Os cestos do esquecimento.
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